Difference between revisions of "Potencial em Energias Renováveis"
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Contudo, a ligação à rede das centrais hidroeléctricas de grande escala não é uma solução para electrificar a população rural fora da rede. A construção de micro centrais hidroeléctricas estrategicamente localizadas poderia melhorar a taxa de electrificação para este segmento da população. A actual tarifa de alimentação aprovada em 2014, apoia a PPA para pequenos projectos hidroeléctricos de 10 kW a 10 MW <ref>Energy Sector – GET.Invest’, accessed 4 May 2021, https://www.get-invest.eu/market-information/mozambique/energy-sector/</ref>. Espera-se que este incentivo melhore os investimentos em pequenos projectos a fim de aumentar as oportunidades de emprego, electrificar residências rurais e edifícios públicos, bem como impulsionar o desenvolvimento económico das aldeias rurais locais. Existem actualmente estudos para avaliar os benefícios e a possibilidade de replicação ou expansão da energia hidroeléctrica de pequena escala existente, tais como a central situada em Manica <ref>Miguel Uamusse, ''Small Scale Hydropower as a Resources of Renewable Energy in Mozambique: Case of Chua River in Manica'', 2018, https://doi.org/10.20944/preprints201805.0327.v1</ref>. | Contudo, a ligação à rede das centrais hidroeléctricas de grande escala não é uma solução para electrificar a população rural fora da rede. A construção de micro centrais hidroeléctricas estrategicamente localizadas poderia melhorar a taxa de electrificação para este segmento da população. A actual tarifa de alimentação aprovada em 2014, apoia a PPA para pequenos projectos hidroeléctricos de 10 kW a 10 MW <ref>Energy Sector – GET.Invest’, accessed 4 May 2021, https://www.get-invest.eu/market-information/mozambique/energy-sector/</ref>. Espera-se que este incentivo melhore os investimentos em pequenos projectos a fim de aumentar as oportunidades de emprego, electrificar residências rurais e edifícios públicos, bem como impulsionar o desenvolvimento económico das aldeias rurais locais. Existem actualmente estudos para avaliar os benefícios e a possibilidade de replicação ou expansão da energia hidroeléctrica de pequena escala existente, tais como a central situada em Manica <ref>Miguel Uamusse, ''Small Scale Hydropower as a Resources of Renewable Energy in Mozambique: Case of Chua River in Manica'', 2018, https://doi.org/10.20944/preprints201805.0327.v1</ref>. |
Revision as of 14:47, 13 December 2021
Introdução
Os projectos renováveis de grande escala estão a tornar-se um ponto de interesse para o investimento em Moçambique, especificamente solar e hídrico. No final de 2020, havia um total de 582 MW de capacidade potencial derivados de produtores independentes de energia (IPP). Em 2021, 41 MW estão em funcionamento e 41 MW adicionais estão em construção. Estão em fase de pré-viabilidade 275 MW e foram lançados concursos no valor de 160 MW pelo programa PROLER (que assiste o serviço público nacional de Moçambique, EDM, com concursos). Os restantes 65 MW correspondem a contractos de aquisição de energia já assinados. O principal organismo moçambicano de promoção do acesso às energias renováveis, o FUNAE, espera uma capacidade total instalada na rede para energia solar e eólica de 306 MW em 2031[1].
Solar
Moçambique tem um recurso solar abundante e inexplorado que poderia ser aproveitado à escala de utilidades, bem como fotovoltaico residencial para a electrificação da rede, tanto dentro como fora da rede. O mapa seguinte mostra o perfil global de irradiação horizontal de Moçambique que varia entre 1.785 e 2.206 kWh/m2/ano. O potencial de aproveitamento da energia solar é limitado tanto pelo restabelecimento contínuo da política energética em Moçambique como pela dispersão da população rural em todo o país. Do potencial total de 23.000 GW, apenas cerca de 2,7 GW seriam realisticamente adequados para projectos solares compatíveis com os actuais planos de electrificação e expansão da rede. No entanto, o facto de a população rural estar altamente dispersa significa que, em vez de estender a electrificação na rede, os Sistemas Solares Domésticos fora da rede e as mini-redes poderiam ser uma alternativa mais rentável para fornecer acesso à electricidade em comunidades distantes e dispersas[2].
O mapa do potencial de energia fotovoltaica desenvolvido pelo Banco Mundial mostra o potencial para projectos de energia fotovoltaica em Moçambique numa escala de produção total anual específica de energia fotovoltaica[3] de 1.534 a 1.753 kWh/kWp. As zonas marcadas na sombra mais escura mostram o potencial mais elevado[4].
Já existe uma instalação fotovoltaica em larga escala em funcionamento, custeada pela EDM e por dois Produtores Independentes de Energia noruegueses: Scatec Solar e KLP Norfund Investments. Está localizada perto de Mocuba (40 MW) e está em funcionamento desde 2019. A PPI francesa Neoen é responsável pela construção de uma segunda central de 41 MW em Metoro, Cabo Delgado. A construção já começou em Outubro de 2020 e está planeada para estar operacional em 2022 [5]. Contudo, os conflitos internos na província de Cabo Delgado poderão atrasar o início das operações [6]. Até finais de 2020, os PPIs internacionais planearam a construção de mais doze centrais fotovoltaicas para um futuro próximo, com capacidades instaladas entre 15 e 40 MW. Dessas centrais planeadas, três já passaram por um Acordo de Aquisição de Energia (PPA) aprovado, outras três estão em processo de lançamento de concursos através do PROLER, e as restantes encontram-se em fase de pré-viabilidade [7].
Energia Hidroelétrica
A partir de 2020, Moçambique tem um dos maiores potenciais hidroeléctricos em África, estimado em mais de 12.000 MW [8], especialmente na província de Tete, no rio Zambeze, onde se situa a central de grande escala Cahora Bassa (mais de 80% do potencial). As outras 12 principais bacias hidrográficas são Maputo, Umbeluzi, Incomati, Limpopo, Save, Búzi, Pungwe, Licungo, Ligonha, Lúrio, Messalo e Rovuma e têm potencial para todos os tipos de energia hidroeléctrica, desde a pico, mini a energia hidroeléctrica de grande escala [9]. A exportação de electricidade gerada em Cahora Bassa é já um negócio regular, o que faz de Moçambique um fornecedor crítico de electricidade para os países vizinhos e uma área de interesse para o comércio de electricidade [8].
Contudo, a ligação à rede das centrais hidroeléctricas de grande escala não é uma solução para electrificar a população rural fora da rede. A construção de micro centrais hidroeléctricas estrategicamente localizadas poderia melhorar a taxa de electrificação para este segmento da população. A actual tarifa de alimentação aprovada em 2014, apoia a PPA para pequenos projectos hidroeléctricos de 10 kW a 10 MW [10]. Espera-se que este incentivo melhore os investimentos em pequenos projectos a fim de aumentar as oportunidades de emprego, electrificar residências rurais e edifícios públicos, bem como impulsionar o desenvolvimento económico das aldeias rurais locais. Existem actualmente estudos para avaliar os benefícios e a possibilidade de replicação ou expansão da energia hidroeléctrica de pequena escala existente, tais como a central situada em Manica [11].
Planta | Capacidade Instalada (MW) | Localização | Operador |
Cahora Bassa | 2075 | Tete | Hidroeléctrica de Cahora Bassa |
Mavuzi | 52 | Manica | EDM |
Chicamba | 44 | Manica | EDM |
Corumana | 16.6 | Maputo | EDM |
Cuamba | 1.09 | Niassa | EDM |
Lichinga | 0.73 | Niassa | EDM |
Fonte: Dados de Cahora Bassa de 2016 [12]
Dados para instalações EDM a partir de 2018 [13]
Os projectos hidroeléctricos planeados em grande escala incluem uma expansão de 1,245 MW da margem norte de Cahora Bassa em 2021 e uma nova central eléctrica com uma capacidade instalada de 1,500 MW (Mphanda Nkuwa) a 60 km a jusante de Cahora Bassa, a ser comissionada em 2028. [14]
Nome do projecto | Localização | Capacidade | Situação (a partir de 2021) |
Banco Norte de Cahora Bassa | Tete | 1245 MW | Avaliação de Sustentabilidade |
Mphanda Nkuwa | Tete | 1500 MW | Acordo comercial assinado entre o governo moçambicano e a empresa operadora em 2017[16] |
Lupata | Sofala | 600-650 MW | Viabilidade |
Boroma | Tete | 200-400 MW | Viabilidade |
Lurio | Cabo Delgado | 120 MW | Viabilidade |
Mavuzi 2&3 | Manica | 60 MW | Conceitual |
Malema | Nampula | 60 MW | Pré-Viabilidade |
Massingir | Gaza | 25-40 MW | Pré-Viabilidade |
Energia Eólica
Moçambique tem uma capacidade potencial de vento de 4,5 GW, dos quais cerca de 25% tem potencial para ligação imediata à rede existente. As províncias com maior potencial são Tete, Maputo, Sofala, Gaza, e Inhambane. Este potencial é determinado pelos locais com a maior velocidade média de vento a 80 m (mais de 7 m/s em Maputo e Gaza), e com mais de 3.000 horas equivalentes à potência nominal [17].
Os mapas seguintes mostram a velocidade média do vento a 100 m acima do nível do mar, e a densidade média estimada de potência disponível a partir do recurso eólico. A região sul de Maputo mostra uma elevada velocidade média do vento a 100 m, contudo a densidade de potência é baixa. As áreas com o melhor recurso eólico e maior densidade média de potência estão localizadas na parte central de Tete e na fronteira entre as províncias de Nampula e Zambézia [17].
Há três projectos eólicos planeados para um total de 160 MW de capacidade instalada. Um dos projectos eólicos, uma central de 40 MW a ser localizada na província de Inhambane, iniciará o concurso de pré-qualificação em 2023. Mais duas centrais de 60 MW estão actualmente em fase de análise de viabilidade [7].
Biomassa
Globalmente, Moçambique tem um rico potencial de biomassa de mais de 2 GW [4]. O carvão vegetal e a lenha são combustíveis importantes para fins energéticos para cozinhar em Moçambique, bem como em outros países da África Austral. A floresta tropical seca de Moçambique permite o crescimento de espécies arbóreas, como o Colophospermum mopane, que fornece um produto de alta qualidade e queima lenta [18]. Contudo, a utilização de carvão vegetal como combustível tem sérias implicações para a saúde, ambiente, género e finanças e é discutida neste capítulo. A exploração sustentável dos recursos de biomassa pode prevenir conflitos fundiários, abuso dos direitos comunitários, e impactos ambientais como a desflorestação, degradação da terra e emissões de gases com efeito de estufa [19]. A fim de assegurar a produção sustentável de biomassa, a Direcção Nacional de Energias Novas e Renováveis em Moçambique, com a cooperação dos parceiros da União Europeia, desenvolveu a Estratégia Energética de Biomassa em 2012. Esta estratégia identificou o maior potencial para que a biomassa de florestas produtivas fosse de 26,9 milhões de ha. As províncias com maior área potencial são Niassa, Zambézia, Tete e Cabo Delgado [19]. A madeira para produção de combustível é obtida de plantações localizadas principalmente nas províncias do Niassa, Zambézia, e Manica [19].
Outros combustíveis de biomassa com elevado valor calorífico são resíduos sólidos, provenientes de diferentes indústrias produtivas. O quadro seguinte do GET.invest mostra o potencial da biomassa derivada de resíduos por sector (dados de 2014)[4].
Floresta | 1006 MW |
Agro-indústria | n/a |
Indústria de Polpa | 280 MW |
Indústria de Açucar | 831 MW |
Resíduos Sólidos Municipais | 63 MW |
Outros (explorações pecuárias, óleos vegetais para coco ou Jatrofa) | n/a |
Para uma repartição das zonas de subsistência onde a venda de biomassa é uma das principais fontes de rendimento, ver este capítulo.
Mais informações
- Zonas de Subsistência em Moçambique
- Pérfil de Eletricidade
- Situação do acesso à energia
- Atlas renovável da FUNAE: https://www.funae.co.mz/index.php/pt/recursos/recurso-eolico
Referências
- ↑ Aler_mar2021_resumo-Renovaveis-Em-Mocambique-2021.Pdf’, accessed 23 April 2021, https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/aler_mar2021_resumo-renovaveis-em-mocambique-2021.pdf
- ↑ Pranab Baruah and Brendan Coleman, ‘Country Brief: Mozambique Off-Grid Solar Power in Mozambique: Opportunities for Universal Energy Access and Barriers to Private Sector Participation’, n.d., 26
- ↑ “Yearly average values of PV electricity (AC) delivered by a PV system and normalized to 1kWp of installed capacity (© 2019 Solargis)” https://globalsolaratlas.info/support/methodology
- ↑ 4.0 4.1 4.2 GET.invest, ‘Renewable Energy Potential – GET.Invest’, accessed 21 April 2021, https://www.get-invest.eu/market-information/mozambique/renewable-energy-potential/
- ↑ PV Magazine, ‘Construction Begins on 41 MW Solar Project in Mozambique’, pv magazine International, 2020, https://www.pv-magazine.com/2020/10/30/construction-begins-on-41-mw-solar-project-in-mozambique/
- ↑ Mozambique Conflict: What’s behind the Unrest?’, BBC News, 29 March 2021, sec. Africa, https://www.bbc.com/news/world-africa-56441499
- ↑ 7.0 7.1 ALER, ‘Renováveis Em Moçambique’, 2021, https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/aler_mar2021_resumo-renovaveis-em-mocambique-2021.pdf
- ↑ 8.0 8.1 Kameshnee Naidoo and Christiaan Loots, ‘Mozambique / Energy and the Poor – Unpacking the Investment Case for Clean Energy’, 2020, https://sun-connect-news.org/fileadmin/DATEIEN/Dateien/New/2021-01-29_UNDP-UNCDF-Mozambique-Energy-and-the-Poor.pdf
- ↑ Miguel M. Uamusse et al., ‘Mini-Grid Hydropower for Rural Electrification in Mozambique: Meeting Local Needs with Supply in a Nexus Approach’, Water 11, no. 2 (February 2019): 305, https://doi.org/10.3390/w11020305
- ↑ Energy Sector – GET.Invest’, accessed 4 May 2021, https://www.get-invest.eu/market-information/mozambique/energy-sector/
- ↑ Miguel Uamusse, Small Scale Hydropower as a Resources of Renewable Energy in Mozambique: Case of Chua River in Manica, 2018, https://doi.org/10.20944/preprints201805.0327.v1
- ↑ Iha_2016_may_hydropower-Status-Report-2016.Pdf’, accessed 3 May 2021, https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/iha_2016_may_hydropower-status-report-2016.pdf
- ↑ EDM, ‘Generation | EDM - Electricidade de Moçambique’, accessed 19 May 2021, https://www.edm.co.mz/en/website/page/generation
- ↑ IHA, ‘Hydropower Status Report’, 2016, https://www.lerenovaveis.org/contents/lerpublication/iha_2016_may_hydropower-status-report-2016.pdf
- ↑ Andrew Bullock and Stephan Hülsmann, ‘Strategic Opportunities For Hydropower Within The Water-Energy-Food Nexus In Mozambique’, n.d., 71.
- ↑ The Post, ‘Mozambique Energy: “HCB Must Expand Portfolio,” Says Chairperson’, 2018, https://mozambiqueminingpost.com/2018/08/29/mozambique-energy-hcb-must-expand-portfolio-says-chairperson/
- ↑ 17.0 17.1 Recurso Eólico’, accessed 24 June 2021, https://www.funae.co.mz/index.php/pt/recursos/recurso-eolico
- ↑ Emily Woollen et al., ‘Charcoal Production in the Mopane Woodlands of Mozambique: What Are the Trade-Offs with Other Ecosystem Services?’, Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences 371, no. 1703 (19 September 2016): 20150315, https://doi.org/10.1098/rstb.2015.0315
- ↑ 19.0 19.1 19.2 ‘Mozambique Biomass Energy Strategy.Pdf’, accessed 24 June 2021, https://www.greengrowthknowledge.org/sites/default/files/downloads/policy-database/MOZAMBIQUE%29%20Mozambique%20Biomass%20Energy%20Strategy.pdf